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Serviço Defeituoso: Quando um Serviço Pode Ser Considerado Mal Feito?

  • Thales de Menezes
  • 20 de out.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 5 de nov.

Serviço Defeituoso

O consumidor brasileiro possui direitos garantidos quando recebe um serviço defeituoso ou inadequado. Contudo, nem sempre fica claro quando um serviço pode ser considerado defeituoso perante a lei. O Código de Defesa do Consumidor estabelece critérios específicos para definir essa situação.

A responsabilidade do fornecedor pelos serviços prestados representa uma das principais proteções do consumidor. Portanto, conhecer esses direitos torna-se fundamental para exigir reparações quando necessário. O artigo 14 do CDC define claramente as regras sobre serviços defeituosos.


O Que Caracteriza um Serviço Defeituoso Segundo a Lei

O Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 14, estabelece que

"O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos."

Esta responsabilidade objetiva significa que o consumidor não precisa provar culpa do fornecedor. Assim, basta demonstrar que o serviço apresentou defeitos ou causou danos. A lei protege o consumidor de forma ampla e efetiva.

O parágrafo primeiro do mesmo artigo define quando o serviço é defeituoso:

"O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes".

Critérios para Identificar Serviços Defeituosos

Modo de Fornecimento do Serviço

O primeiro critério estabelecido pela lei refere-se ao "modo de seu fornecimento". Esse aspecto analisa como o serviço foi executado pelo fornecedor. Por exemplo, um serviço de instalação elétrica deve seguir normas técnicas específicas.

Quando o fornecedor não observa padrões técnicos adequados, o serviço pode ser considerado defeituoso. Da mesma forma, a ausência de equipamentos adequados também configura modo inadequado de fornecimento. O consumidor tem direito a esperar execução profissional e competente.

Resultado e Riscos Esperados

O segundo critério avalia "o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam". Cada serviço possui expectativas legítimas quanto ao resultado final. Um serviço de conserto deve efetivamente solucionar o problema apresentado.

Além disso, os riscos inerentes ao serviço devem ser devidamente informados ao consumidor. Por conseguinte, a omissão dessas informações pode caracterizar defeito no serviço. O fornecedor deve esclarecer todos os aspectos relevantes antes da prestação.

Época do Fornecimento

O terceiro critério considera "a época em que foi fornecido". Este aspecto reconhece que técnicas e padrões evoluem com o tempo. Um serviço adequado em determinada época pode não atender padrões atuais.

Entretanto, o serviço deve atender aos padrões vigentes na época de sua prestação. Portanto, não se pode exigir retroativamente padrões que não existiam anteriormente. A avaliação deve considerar o contexto temporal específico.


Situações Que Não Caracterizam Defeito

Adoção de Novas Técnicas

O parágrafo segundo do artigo 14 estabelece que "O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas". Esta disposição protege a inovação e o desenvolvimento tecnológico no mercado de serviços.

Consequentemente, o fornecedor pode utilizar métodos mais modernos sem que isso configure defeito. A lei incentiva a modernização dos serviços oferecidos aos consumidores. Contudo, as novas técnicas devem ser seguras e adequadas.


Excludentes de Responsabilidade do Fornecedor

Inexistência de Defeito

O parágrafo terceiro lista as situações em que o fornecedor não será responsabilizado. Primeiro, quando provar "que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste". Neste caso, cabe ao fornecedor demonstrar que executou corretamente o serviço.

Esta prova deve ser técnica e convincente, demonstrando que o serviço atendeu todos os requisitos legais. Ademais, a documentação adequada torna-se essencial para comprovar a execução correta. O fornecedor deve manter registros detalhados de suas atividades.

Culpa Exclusiva do Consumidor ou Terceiro

A segunda excludente ocorre quando há "culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro". Esta situação libera o fornecedor de responsabilidade pelos danos ocorridos. Por exemplo, quando o consumidor não segue orientações essenciais fornecidas.

Todavia, a culpa deve ser exclusiva, não apenas parcial ou concorrente. Se houver culpa compartilhada, o fornecedor ainda responderá proporcionalmente. A análise deve ser criteriosa para determinar o grau de responsabilidade de cada parte.


Responsabilidade dos Profissionais Liberais

Regime Especial de Responsabilidade

O parágrafo quarto estabelece regra específica: "A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa". Esta disposição cria exceção ao regime de responsabilidade objetiva.

Profissionais como médicos, advogados, engenheiros e arquitetos respondem subjetivamente por seus serviços. Consequentemente, o consumidor deve provar negligência, imprudência ou imperícia do profissional. Esta regra reconhece a natureza especial dessas atividades.

Aplicação Prática da Responsabilidade Subjetiva

A responsabilidade subjetiva exige análise mais complexa dos casos envolvendo profissionais liberais. É necessário demonstrar que o profissional agiu com culpa na prestação do serviço. Por exemplo, um médico que não segue protocolos médicos estabelecidos.

No entanto, o resultado adverso não implica automaticamente em culpa profissional. Muitas atividades envolvem riscos inerentes que não caracterizam defeito no serviço. A avaliação deve considerar as circunstâncias específicas de cada caso.


Informações Insuficientes ou Inadequadas

Dever de Informação

O artigo 14 também abrange "informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos". O fornecedor possui dever legal de informar adequadamente o consumidor. Esta obrigação abrange aspectos técnicos, riscos e limitações do serviço.

Por isso, a omissão de informações relevantes pode caracterizar defeito no serviço prestado. O consumidor deve receber orientações claras sobre como utilizar o serviço adequadamente. Igualmente importante é informar sobre cuidados necessários após a prestação.

Consequências da Informação Inadequada

Informações incorretas ou insuficientes podem gerar responsabilidade civil do fornecedor. Mesmo que o serviço seja tecnicamente correto, a falta de informação adequada constitui defeito. Esta situação é comum em serviços técnicos complexos.

Portanto, o fornecedor deve investir na capacitação de seus funcionários para orientar consumidores. A comunicação clara e precisa previne problemas futuros e fortalece a relação comercial. Documentar as orientações fornecidas também se mostra prudente.


Danos Indenizáveis por Serviços Defeituosos

Danos Materiais

Os danos materiais representam prejuízos econômicos diretos sofridos pelo consumidor. Incluem custos para correção do serviço defeituoso e prejuízos decorrentes do problema. A reparação deve recolocar o consumidor na situação anterior ao dano.

Além disso, podem abranger lucros cessantes quando o defeito impede atividades econômicas do consumidor. Por exemplo, um serviço de manutenção defeituoso que paralisa equipamentos comerciais. A quantificação deve ser precisa e fundamentada.

Danos Morais

O Código de Defesa do Consumidor também protege contra danos morais decorrentes de serviços defeituosos. Situações que causam constrangimento, transtornos ou abalo emocional geram direito à indenização. A jurisprudência reconhece amplamente essa possibilidade.

Consequentemente, o valor da indenização moral varia conforme a gravidade do caso e condições econômicas das partes. Tribunais consideram fatores como extensão do dano e comportamento do fornecedor após o problema. A reparação busca compensar o sofrimento experimentado.


Prazo para Reclamações

Prazos Decadenciais

O CDC estabelece prazos específicos para reclamações sobre vícios e defeitos em serviços. Para vícios aparentes, o consumidor possui trinta dias a partir da conclusão do serviço. Este prazo é decadencial, portanto não se suspende nem se interrompe.

Para vícios ocultos, que não são imediatamente perceptíveis, o prazo também é de trinta dias. Porém, conta-se a partir do momento em que o defeito se torna conhecido pelo consumidor. Esta regra protege contra problemas que surgem posteriormente.

Prazos Prescricionais

Para ações de reparação de danos, o prazo prescricional é de cinco anos. Este prazo conta-se a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Durante este período, o consumidor pode buscar indenização pelos prejuízos sofridos.

Diferentemente da decadência, a prescrição pode ser interrompida por diversos atos. Reclamação formal, ajuizamento de ação ou reconhecimento da dívida pelo fornecedor interrompem o prazo. Esta distinção é fundamental para preservar direitos do consumidor.


Como Comprovar o Serviço Defeituoso

Documentação Necessária

A comprovação do serviço defeituoso exige documentação adequada do problema apresentado. Contratos, orçamentos, recibos e correspondências constituem provas importantes. Fotografias e vídeos também podem documentar defeitos visíveis no serviço.

Adicionalmente, laudos técnicos especializados fortalecem a argumentação sobre defeitos em serviços complexos. Estes documentos analisam tecnicamente as falhas apresentadas no serviço prestado. Profissionais qualificados devem elaborar essas análises técnicas.

Testemunhas e Outros Meios de Prova

Testemunhas que presenciaram a prestação do serviço ou seus defeitos também constituem prova válida. Funcionários, vizinhos ou outros consumidores podem atestar sobre problemas no serviço. Seus depoimentos complementam a documentação apresentada.

Portanto, é recomendável identificar possíveis testemunhas logo após detectar defeitos no serviço. Seus contatos devem ser anotados para eventual utilização posterior. A prova testemunhal pode ser decisiva em casos controversos.


Conclusão

O conceito de serviço defeituoso no direito brasileiro é amplo e favorável ao consumidor. A responsabilidade objetiva do fornecedor facilita a reparação de danos causados por serviços inadequados. Conhecer esses direitos permite exigir serviços de qualidade adequada.

A legislação brasileira oferece proteção efetiva contra serviços defeituosos através de critérios objetivos e claros. O consumidor consciente de seus direitos pode exigir reparações quando necessário. Esta proteção legal fortalece as relações de consumo e estimula a melhoria dos serviços oferecidos no mercado.

Para ler mais artigos como esse, acesse nosso site oficial: Thales de Menezes

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