Como funciona a pensão alimentícia para um filho?
- Thales de Menezes
- 21 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: 22 de abr.

A pensão alimentícia representa um dos principais institutos do Direito de Família, sendo essencial para garantir o sustento e desenvolvimento adequado de crianças e adolescentes após a separação dos pais. Compreender seu funcionamento, requisitos e procedimentos legais é fundamental tanto para quem busca receber quanto para quem tem a obrigação de pagar.
O que é a pensão alimentícia para filho
A pensão alimentícia consiste em uma prestação periódica destinada a assegurar a subsistência dos filhos, englobando muito mais do que apenas alimentação. Conforme o artigo 1.694 do Código Civil, os alimentos devem garantir condições de vida compatíveis com a condição social do alimentado, incluindo necessidades com educação, saúde, lazer, vestuário, habitação e demais aspectos essenciais ao desenvolvimento integral.
O direito à pensão alimentícia está fundamentado no princípio da solidariedade familiar e no dever de sustento que decorre do poder familiar, estabelecido expressamente no artigo 1.566, inciso IV, do Código Civil e reforçado pelo artigo 229 da Constituição Federal, que determina o dever dos pais de assistir, criar e educar os filhos menores.
Natureza jurídica e características essenciais
A pensão alimentícia possui características específicas que a diferenciam de outras obrigações civis:
Irrenunciabilidade: o direito aos alimentos não pode ser renunciado pelo menor
Impenhorabilidade: valores recebidos a título de pensão não podem ser penhorados
Imprescritibilidade: o direito de solicitar alimentos não prescreve
Intransmissibilidade: é uma obrigação pessoal e intransferível
Irrepetibilidade: valores pagos não são passíveis de devolução
Como solicitar a pensão alimentícia para um filho
O processo de solicitação da pensão alimentícia pode ocorrer por duas vias principais: acordo extrajudicial ou ação judicial.
Acordo extrajudicial
O acordo extrajudicial representa a solução mais célere e menos conflituosa. Nesta modalidade, os pais estabelecem consensualmente o valor e a forma de pagamento da pensão alimentícia, formalizando o acordo através de:
Escritura pública em cartório
Termo de acordo em sede de mediação
Acordo homologado pelo Ministério Público
Para ter força executiva, o acordo extrajudicial deve ser homologado judicialmente, transformando-se em título executivo judicial.
Ação judicial de alimentos
Quando não é possível o acordo, a parte interessada pode ingressar com ação de alimentos, com fundamento na Lei 5.478/68 (Lei de Alimentos). O procedimento judicial segue as seguintes etapas:
Petição inicial contendo qualificação das partes, comprovação do vínculo, necessidades do alimentado e possibilidades do alimentante
Fixação de alimentos provisórios pelo juiz (em regra)
Citação do alimentante para contestação
Audiência de conciliação, instrução e julgamento
Sentença estabelecendo o valor definitivo da pensão
Durante o processo, o juiz pode determinar a realização de estudo socioeconômico das partes e requisitar documentos que comprovem rendimentos do alimentante.
Critérios para fixação do valor da pensão alimentícia
O valor da pensão alimentícia é estabelecido com base no trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade, levando em consideração:
Necessidades do filho
As necessidades do filho variam conforme sua idade, condições de saúde, nível educacional e padrão social da família. São considerados gastos com:
Alimentação adequada
Vestuário apropriado
Moradia em condições dignas
Educação formal e complementar
Assistência médica e medicamentos
Atividades esportivas e culturais
Lazer compatível com sua idade
Possibilidades do alimentante
As possibilidades do alimentante referem-se à sua capacidade financeira de prestar alimentos sem comprometer sua própria subsistência. São avaliados:
Rendimentos comprovados
Patrimônio e padrão de vida
Capacidade laborativa
Existência de outros dependentes
Proporcionalidade
O valor deve ser proporcional, equilibrando as necessidades do filho com as possibilidades do alimentante, considerando também a participação do genitor guardião no sustento direto da criança.
Formas de pagamento da pensão alimentícia
A pensão alimentícia pode ser paga de diferentes formas:
Desconto em folha de pagamento
Modalidade mais comum, onde o valor é descontado diretamente na folha de pagamento do alimentante e transferido para conta bancária do responsável pelo menor. Oferece maior segurança e regularidade nos pagamentos.
Depósito em conta bancária
O alimentante realiza depósito ou transferência diretamente para conta bancária específica, mantendo comprovantes para demonstrar a regularidade dos pagamentos.
Pagamento direto mediante recibo
Menos recomendada por dificultar o controle e a comprovação, consiste no pagamento direto ao responsável legal mediante recibo detalhado.
Duração da pensão alimentícia para filho
A pensão alimentícia é devida aos filhos menores de idade, cessando automaticamente com a maioridade civil (18 anos). No entanto, existem exceções importantes:
Prorrogação para filho estudante
A jurisprudência consolidada dos tribunais brasileiros reconhece a possibilidade de manutenção da pensão alimentícia para filhos maiores que estejam cursando ensino superior ou técnico, geralmente até os 24 anos. Esta prorrogação visa garantir a conclusão da formação educacional do filho.
Filhos com deficiência ou incapacidade
Filhos com deficiência ou incapacidade que os impossibilite de prover o próprio sustento têm direito à pensão alimentícia por tempo indeterminado, podendo perdurar por toda a vida, conforme previsto no Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015).
Considerações finais
A pensão alimentícia para filho representa não apenas uma obrigação legal, mas um dever moral de garantir o desenvolvimento adequado da criança ou adolescente. Seu funcionamento envolve aspectos jurídicos, financeiros e afetivos, sendo fundamental a compreensão de seus mecanismos para assegurar o melhor interesse do menor.
Para situações específicas envolvendo pensão alimentícia, recomenda-se sempre consultar um advogado especializado em Direito de Família, que poderá orientar adequadamente conforme as particularidades de cada caso concreto.
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Palavras Chave: Advogado imobiliário, Escritório em Goiânia, Advogado de inventário, Direito imobiliário, Direito de inventário
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